O que está acontecendo conosco, ou melhor, com a Terra, nesta data, 22 de abril, em que se comemora o seu dia? Do final de 2009 para o inicio de 2010, 68 pessoas morreram vítimas de enchentes e deslizamentos em São Paulo. No Reveillon, o desabamento de encostas provocou 50 mortes em Angra dos Reis (RJ). Com a queda da ponte em Agudo, no Centro do Estado, em janeiro, cinco pessoas faleceram, as quais se somaram a outras em Candelária e Fontoura Xavier. Há poucos dias 250 pessoas perderam as vidas soterradas no Rio de Janeiro. Os terremotos não deixaram por menos: em janeiro, cerca de 200 mil pessoas foram vitimadas no Haiti; em fevereiro, outras 486 tiveram fim trágico no Chile; e agora, centenas foram mortas por um terremoto na China. No RS, 721 decretos emergenciais foram emitidos pelas prefeituras em 2009, como consequência de estiagens e temporais.
Enquanto isso, traficantes da zona Leste de Porto Alegre recrutam crianças para avisar que a polícia está chegando. Famílias inteiras são dizimadas pela tragédia do trânsito, como a que vitimou pai, mãe e filha na Rota do Sol, no dia 13 deste mês. A violência sexual praticada por um pedófilo em Luziânia, Goiás, assassinando seis jovens, deixou todos estarrecidos. Em Santa Cruz do Sul, uma égua foi martirizada com a introdução de um porrete em sua genitália, aliando-se o fato aos tantos maus-tratos aos animais.
Haverá de se dizer que maus-tratos aos animais, tráfico, desastres de trânsito, terremotos, pedofilia e assassinatos sempre ocorreram e que esses se somam a inúmeros outros casos de violência. Acrescenta-se que há décadas essas tragédias ficavam restritas e conhecidas por poucas pessoas, pois os meios de comunicação não tinham o poder de difusão instantânea de hoje. Temos aqui uma meia verdade.
É inegável que há um acirramento no conflito atual. Atualmente as intempéries são mais frequentes e intensas e as relações entre as pessoas e destas com a natureza são mais belicosas. Igualmente observamos um crescimento do individualismo. Parece que é mais importante nossa relação virtual e distanciada do que a próxima e local. Somos todos filhos da mesma Terra e a nossa satisfação depende do conjunto das criaturas. Quando uma destas estiver mal, os demais também estarão em desarmonia. Como está, sofre a Terra, e por conseqüência todos nós. Quando entendermos que todos somos importantes e que nossa mãe Terra nos acalenta a todos, haverá uma nova relação coexistencial. Utopia? Quem sabe, mas condição essencial para a busca da felicidade de todos.
*José Alberto Wenzel, geólogo e ex-secretário de Relações Institucionais
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